SAÚDE SEM MONOPÓLIO
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A Câmara dos Deputados está
analisando um projeto de lei que pode ajudar milhares de pacientes com câncer e
outras doenças graves a terem acesso mais rápido e fácil a exames e
tratamentos. O PL 2125/2024, do Deputado
Federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), propõe que farmácias
especializadas voltem a produzir insumos essenciais para a medicina nuclear,
uma área da saúde que utiliza substâncias especiais para diagnosticar e tratar
doenças.
O que diz o projeto?
Pela proposta, farmácias de manipulação,
que já têm autorização para produzir medicamentos injetáveis, poderão fabricar
um tipo específico de substância chamada liofilizado não radioativo. Esse nome complicado se refere a um pó
que, quando misturado a um elemento radioativo, se transforma em um medicamento
usado em exames de imagem e tratamentos de doenças graves, como o câncer.
Atualmente, o Brasil enfrenta
dificuldades para oferecer esses exames porque há poucos fornecedores desse
material. “Isso acontece porque, em 2009,
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impôs regras mais rígidas,
tornando a produção dessas substâncias restrita a um número pequeno de
empresas. Antes disso, farmácias de manipulação fabricavam esses produtos sem
grandes impedimentos. Essa mudança acabou criando um monopólio privado, que elevou os preços e dificultou o acesso dos
hospitais e clínicas aos insumos necessários”, explica o deputado na
justificativa da matéria.
O projeto de lei pretende
corrigir essa distorção ao permitir que essas farmácias voltem a produzir os
chamados cold kits (ou
"kits frios"). O Deputado Luiz Philippe argumenta que esses
componentes não oferecem riscos sanitários que justifiquem regras tão
restritivas. “A Anvisa já impõe normas rígidas para a produção de medicamentos
estéreis, garantindo qualidade e segurança. ”
Como isso afeta os pacientes?
Doenças como o câncer precisam
ser descobertas rapidamente para que o tratamento tenha mais chances de
sucesso. Dois exames fundamentais nesse processo são a cintilografia e o PET-CT:
·
Cintilografia: usa pequenas quantidades de substâncias
radioativas para avaliar órgãos como o coração, ossos e pulmões. Ele é
essencial para detectar tumores e verificar se um tratamento está funcionando.
·
PET-CT: é um exame avançado que ajuda a localizar tumores
e entender se o câncer se espalhou para outras partes do corpo. Ele é muito
usado para definir o melhor tratamento para cada paciente.
Hoje, a falta de insumos torna
esses exames escassos e caros no Brasil. Para se ter uma ideia, o país realiza quatro vezes menos exames de medicina nuclear
do que a Argentina, o que significa que muitas pessoas deixam de receber
um diagnóstico preciso e rápido.
O que vai mudar?
Se o projeto for aprovado,
clínicas e hospitais terão mais facilidade para obter os insumos necessários,
reduzindo o tempo de espera e o custo dos exames. Com isso, pacientes com
câncer e outras doenças graves poderão ser diagnosticados e tratados mais
rapidamente, aumentando suas chances de recuperação. A proposta está em análise
na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados.
Foto: Zeca Ribeiro / Câmara
dos Deputados