PROJETOS PARA INCLUSÃO

No Congresso Nacional, onde as pautas se atropelam e os holofotes costumam mirar sempre os mesmos temas, a deputada federal Simone Marquetto (MDB-SP) escolheu caminhar por uma trilha menos percorrida, mas urgentemente necessária: dar voz e vez a quem vive com doenças raras ou condições do espectro autista.
Com um olhar atento às barreiras que esses grupos
enfrentam todos os dias, a parlamentar apresentou dois projetos de lei que reconhecem
essas realidades, e propõem soluções concretas.
O primeiro deles, o Projeto de Lei 4284/2024, que tramita na Comissão de Administração
e Serviço Público, propõe uma mudança significativa nos exames públicos
federais: permite que pessoas com
doenças raras utilizem equipamentos e recursos essenciais para sua saúde
durante as provas.
A urgência do projeto veio à tona após um caso
real: uma estudante foi desclassificada
do ENEM por portar um aparelho indispensável ao controle da sua condição médica.
O episódio causou indignação, mas também mobilizou a ação da parlamentar:
“O Estado não pode se omitir. Ninguém deveria
escolher entre cuidar da saúde e disputar uma vaga na universidade”, defende
Simone.
O projeto não se limita ao bom senso, ele
estabelece regras claras: o candidato poderá solicitar previamente adaptações
no ambiente e o uso de insumos específicos, desde que apresente laudo médico
atualizado. Em outras palavras, trata-se de normatizar o respeito.
Na mesma direção segue o PL 101/2025, que propõe a criação de cordões identificadores para pessoas com Transtorno do Espectro Autista e
outras condições neurodivergentes. A ideia é simples, mas poderosa:
oferecer um instrumento visual, distinto e oficial, que facilite o
reconhecimento e promova o atendimento humanizado em espaços públicos e
privados.
Diferente do cordão de girassol, já difundido, mas
genérico, a proposta é criar um modelo com identidade própria para o TEA, com
símbolos, cores e espaço para informações úteis como nome, contato de
emergência e tipo de neurodivergência (caso a pessoa deseje incluir). O uso
será opcional, gratuito e reconhecido
nacionalmente.
Mais do que legislar, Simone Marquetto está
reescrevendo o modo como o poder público enxerga essas populações: não mais
como exceções a serem “toleradas”, mas como cidadãos com direitos legítimos à inclusão, dignidade e autonomia.
“Cada projeto nasce do compromisso com vidas reais,
com histórias que não cabem em estatísticas. Minha missão é fazer com que essas
pessoas não precisem mais gritar para serem ouvidas”, resume a deputada.
Ao olhar com atenção para quem sempre ficou à
margem, Simone Marquetto mostra que fazer política inclusiva é, antes de tudo, reconhecer o outro em sua totalidade, com
suas vulnerabilidades, mas também com sua potência.
Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados