SAÚDE EMOCIONAL E CÂNCER
O câncer é uma das doenças mais prevalentes no mundo. A mais recente estimativa mundial, do ano 2018, aponta que ocorreram no mundo 18 milhões de casos novos de câncer. No Brasil, segundo os últimos dados do Instituto Nacional do Câncer, de 2020, foram registrados 625 mil novos casos da doença. E estima-se que o número de pacientes continue a crescer nas próximas décadas, atingindo 29,5 milhões de novos diagnósticos em 2040, no mundo.
Embora a doença tenha um impacto enorme na saúde física, ela também afeta a saúde emocional dos pacientes. E isso impacta diretamente no tratamento. Foi o que pesquisadores chineses comprovaram em um estudo que traçou a correlação entre o estresse psicológico, a qualidade de vida e a eficácia dos tratamentos com imunoterapia no câncer de pulmão. A pesquisa foi apresentada em junho, durante o Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica.
A premissa básica para realizar a análise é que teoricamente o estresse psicológico, seja por depressão ou ansiedade, ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e também o sistema nervoso simpático. Essa ativação, além de aumentar a produção de hormônios de estresse, tem propriedade imunossupressora, ou seja, diminui a atividade do sistema imunológico.
O resultado apontou que o estresse psicológico, seja por ansiedade, depressão ou ambos, claramente se relacionou a uma piora da qualidade de vida. Além disso, a taxa de resposta do tratamento foi menor —de 35% para quem tinha um estresse psicológico contra 63% para quem não tinha; a sobrevida livre de progressão também foi menor neste grupo com estresse psicológico.
Este fato denota a relevância de tratar esses sintomas desde o início do tratamento, reforçando a importância da avaliação e do trabalho da equipe multidisciplinar no manejo dos sintomas, não apenas para que garanta qualidade de vida, mas também para uma melhor evolução desses pacientes.
Conforme o psicólogo Rodrigo de Lima Cândido, do Hospital Amaral Carvalho, de Jaú, ao se pensar o tratamento contra o câncer, não se pode perder de vista suas dimensões biopsicossocial e espiritual. " A pandemia também trouxe uma sobrecarga emocional, com o receio do contágio e o distanciamento. E pensando neste contexto, enquanto instituição, oferecemos atendimento psicológico, com profissionais da área, com nosso corpo de voluntários e os Remédicos do Riso, tanto na internação quanto em nível ambulatorial, para pacientes e familiares".
Além dos profissionais de psicologia e assistênciasocial, o Amaral Carvalho conta com 4.200 voluntários que prestam apoio biopsicossocial aos pacientes no hospital e em suas casas. E com os Remédicos do Riso, um grupo de voluntários que se vestem de palhaços e interagem com os pacientes, dando mais leveza ao ambiente hospitalar e ao momento do tratamento.