SÃO PAULO VALE MENOS

A deputada federal Adriana Ventura (Novo-SP) acendeu um alerta importante sobre a grave situação da saúde pública em São Paulo. Em vídeo publicado recentemente, ela denunciou as longas filas e o sofrimento da população que busca atendimento no estado, que é reconhecido como polo nacional para tratamentos de alta complexidade. "São Paulo atende pacientes do Brasil inteiro, mas não recebe os recursos proporcionais a essa demanda. A conta não fecha", afirma.
A deputada chama atenção para a
raiz do problema: a sub-representação política de São Paulo na Câmara dos
Deputados, somada aos repasses federais desiguais. Com 44,4 milhões de
habitantes — um em cada cinco brasileiros —, o estado conta com apenas 70
deputados federais. Pela lógica proporcional, deveria ter 112. Na prática, cada
parlamentar paulista representa, em média, 634 mil pessoas, enquanto em estados
como Roraima esse número cai para 79 mil. “Um eleitor paulista vale menos do
que qualquer outro eleitor no Brasil”, denuncia Ventura.
Essa distorção política tem
reflexos diretos nos repasses da União. São Paulo contribui com 32,5% de toda a
arrecadação nacional, mas recebe de volta menos de 10%. Enquanto isso, estados
como Maranhão e Pará recebem, respectivamente, R$ 3,30 e R$ 2,40 para cada R$
1,00 arrecadado. Já São Paulo recebe apenas R$ 0,31. “Essa lógica desigual
penaliza toda a população paulista e impacta diretamente áreas essenciais como
saúde, educação e segurança pública”, alerta a deputada.
Na área da saúde, os efeitos são
devastadores. Hospitais públicos, como o Hospital das Clínicas, enfrentam
superlotação e filas que se arrastam por meses, inclusive para tratamentos
urgentes. A escassez de recursos também afeta entidades filantrópicas que
prestam serviços ao SUS, como o Hospital Amaral Carvalho, referência nacional
em oncologia. Com menos repasses, essas instituições precisam buscar apoio por
meio de emendas parlamentares e parcerias para manter seus serviços à
população.
Adriana Ventura está buscando
assinaturas para uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa corrigir
essa injustiça histórica ao propor uma nova distribuição das cadeiras na Câmara
dos Deputados, respeitando o critério populacional. A parlamentar defende que
esse é um passo essencial para garantir a verdadeira equidade federativa e
melhorar a qualidade dos serviços públicos no estado. O tema ganha ainda mais
urgência com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou ao
Congresso a correção dessa distorção até junho de 2025.
“Essa é a chance que temos de
mudar esse cenário e garantir que São Paulo receba o que é justo. Isso
significa mais investimentos em saúde, mais dignidade para quem espera por
tratamento, e mais apoio para instituições que salvam vidas todos os dias”,
conclui a deputada.
Foto: Bruno Spada/Câmara dos
Deputados