ENSINO QUE RECONSTRÓI

ENSINO QUE RECONSTRÓI
Curso pioneiro do Hospital Amaral Carvalho ajuda a ampliar cirurgias de reconstrução mamária no SUS.

O Hospital Amaral Carvalho, de Jaú (SP), é mais do que uma das principais referências nacionais no tratamento do câncer: também cumpre um papel estratégico na formação médica especializada. Em sua atuação como hospital-escola, o HAC é pioneiro na oferta do Curso de Oncoplastia e Reconstrução Mamária em parceria com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), iniciativa que, em 2025, formou sua sétima turma de especialistas e consolidou uma trajetória iniciada há quase uma década.

Concluído oficialmente no último dia 6 de dezembro, o curso reuniu, ao longo de todo o ano, 12 médicos mastologistas de diferentes regiões do país, que participaram de módulos teóricos e práticos voltados às técnicas mais avançadas de oncoplastia e reconstrução mamária.

Mais do que qualificar profissionais, a especialização tem impacto direto na vida das pacientes. A oncoplastia, incorporada ao tratamento cirúrgico do câncer de mama, permite que a retirada do tumor seja associada à reconstrução imediata da mama, reduzindo deformidades e preservando a autoestima. No Brasil, o direito das mulheres de recorrer ao SUS para realizar a cirurgia plástica reparadora de mama é garantido por lei. Até este ano, a legislação só garantia o direito em casos casos relacionados a tratamento de câncer, com a sanção da Lei 15.171, de 17 de julho de 2025 a reconstrução mamária pelo SUS total ou parcial do órgão, é oferecida independentemente da causa.

“A mama é um símbolo de identificação feminina. A retirada parcial ou total do seio pode afetar profundamente o psicológico da paciente. A oncoplastia minimiza essas agressões e garante não apenas saúde, mas bem-estar e qualidade de vida”, explica o mastologista João Ricardo Paloschi, coordenador do Curso e responsável pelo serviço de prevenção ao câncer de mama (Pró-mama) do Hospital Amaral Carvalho.

O curso oferecido no HAC ocupa posição de destaque no cenário nacional. Atualmente, a SBM mantém essa formação apenas em três cidades brasileiras: Jaú, Goiânia e Salvador. Para que um programa desse nível seja viável, é necessária uma estrutura hospitalar robusta, com alto volume cirúrgico, corpo clínico qualificado e integração com o Sistema Único de Saúde (SUS). “O Hospital Amaral Carvalho foi essencial para a consolidação dessa parceria, representando um grande avanço na carreira de mastologistas de todo o país”, destaca Paloschi.

Durante os 11 módulos da edição de 2025, foram realizadas 124 cirurgias oncoplásticas pelo SUS, beneficiando diretamente pacientes atendidas pelo hospital. Ao final do curso, os médicos formados retornam às suas cidades aptos a replicar as técnicas aprendidas, ampliando o acesso a procedimentos mais humanizados e tecnicamente avançados em diferentes regiões do Brasil.

O histórico do curso revela a dimensão dessa evolução. Em 2016, o HAC sediou o primeiro Curso de Oncoplastia e Reconstrução Mamária do Estado de São Paulo com chancela da SBM — um marco para a mastologia nacional. À época, as cirurgias reconstrutivas ainda eram exceção no país. Dados apresentados nos anos seguintes mostram uma mudança significativa: se antes apenas cerca de 8% das pacientes tinham acesso à reconstrução pelo SUS, hoje esse percentual é de cerca de 30%, reflexo direto da formação de especialistas e da incorporação das técnicas oncoplásticas na rotina hospitalar.

A história do curso se confunde com a própria vocação do Hospital Amaral Carvalho para o ensino e a pesquisa. O Departamento de Mastologia da instituição atua há mais de 30 anos e mantém residência médica reconhecida pelo Ministério da Educação desde 2004. Além disso, o hospital desenvolve programas como o Pró-Mama, voltado à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama, reforçando a integração entre assistência, ensino e impacto social.

Foto: Hospital Amaral Carvalho

22/Dec/25 - Acao Comunicativa
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