PROPOSTAS DAS FILANTRÓPICAS
O movimento “Santas Casas Não
Suportam Mais”, realizado nestas duas últimas semanas, no Congresso Nacional,
com o objetivo de sensibilizar os parlamentares federais sobre o endividamento
da rede filantrópica de saúde, alcançou o objetivo. Trinta e cinco senadores assinaram
apoiamento à Proposta de Emenda à Constituição (PEC 11/2022), que, na prática,
obriga a União a repassar às filantrópicas os recursos necessários para cobrir o
aumento do salário dos profissionais da enfermagem, decorrente da criação do
Piso Nacional da categoria. A expectativa da Confederação das Santas Casas e
Hospitais Filantrópicos (CMB) é que a proposta seja aprovada na próxima
quarta-feira, em primeiro turno.
Durante toda essa semana,
representantes das entidades filantrópicas de saúde também participaram de reuniões
com os congressistas. Eles se encontraram com o presidente da Frente
Parlamentar das Santas Casas, o deputado federal Antonio Brito (PSD-BA), para reforçar
o pedido pela justa remuneração do setor filantrópico que presta serviço ao SUS.
Também se reuniram com o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP/AL), para
solicitar que os projetos relacionados ao financiamento do setor sejam colocados
na pauta do Plenário.
Eles participaram ainda de uma audiência
pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, presidida pelo deputado
federal Marco Bertaiolli (PSD-SP), para debater sobre dois projetos de lei que
aliviam a situação econômica das Santas Casas:
- Projeto de Lei 4104/15, que
estabelece novos percentuais de destinação dos recursos da Timemania para
Santas Casas; e
- Projeto de Lei 5639/16, já
aprovado na Comissão de Seguridade Social e Família, que dispensa as Santas
Casas e os hospitais filantrópicos de pagar juros e multas de mora decorrentes
de débitos tributários com a União.
Os representantes das entidades
também pediram ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
que crie uma linha de crédito para o financiamento do segmento com condições
equivalentes às praticadas pela instituição para outras áreas, como agricultura
e transportes (caminhoneiros), que possuem juros menores e maior carência.
Atualmente, o banco possui uma
linha específica para instituições filantrópicas de saúde sem fins lucrativos
(o BNDES Saúde), para financiar projetos de investimentos no valor mínimo de R$
20 milhões. Mas, para ter acesso, é exigido um faturamento mínimo. “Só podem
fazer esse financiamento instituições que apresentem um faturamento anual acima
de R$ 80 milhões, o que praticamente inviabiliza as Santas Casas de médio e
pequeno porte, que dão atendimento a 70% da população”, disse o provedor da
Santa Casa Guaratinguetá (SP), Rômulo Augusto de Barros.
Durante a audiência pública, o
responsável pela área de saúde dentro do BNDES, João Pieroni, alertou aos
deputados que a equiparação das condições de financiamento a outros setores
depende de uma lei que permita ao Tesouro Nacional equalizar a taxa de juros
que incide sobre os créditos concedidos. Parlamentares membros do colegiado afirmaram
que, nos próximos dias, apresentarão conjuntamente um projeto neste sentido.