ORÇAMENTO MENOR PARA 2023
Pelo segundo
ano consecutivo o orçamento da saúde foi reduzido. Em 2021, ano auge da
pandemia, o setor recebeu R$ 180,1 bilhões; no ano seguinte, caiu para R$
150,50; para 2023, a previsão é de R$ 149,9 bilhões, o menor valor desde 2019.
Um boletim
elaborado pelas Consultorias de Orçamentos da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, mostra a composição que o Governo fez para alcançar os R$ 149,9
bilhões. Foram considerados R$ 9,7
bilhões de emendas impositivas (individuais e de bancada) e R$ 9,9 bilhões de
emendas de relator-geral (orçamento secreto).
No entanto,
apenas o montante das emendas individuais (R$ 5,9 bilhões) está garantido,
porque, segundo a Constituição, 50% das emendas parlamentares devem ser
destinadas para a saúde. Já, no caso das
emendas de Bancada Estadual, há apenas uma autorização na Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) de 2023 para que ATÉ metade delas (R$ 3,8 bilhões) seja carimbada para a
Saúde. Enquanto para as emendas de relator, não nenhuma regra que determine destinação
para a saúde.
E, enquanto
as emendas parlamentares ganham espaço no orçamento da Saúde, programas
fundamentais da pasta encolhem, segundo comparativo, feito pela Associação
Brasileira de Economia da Saúde (ABrES), entre o orçamento 2022 com a proposta
orçamentária de 2023 enviada pelo Governo ao Congresso. Veja:
↓ 61,2%
estruturação da rede cegonha;
↓ 59%
Farmácia Popular;
↓ 59% Saúde
indígena;
↓ 56% Saúde e
formação em Saúde;
↓ 46,4%
controle do câncer;
↓ 36,8%
Programa Nacional de Imunizações.
Para Gil
Castello Branco, fundador da Associação Contas Abertas, contar com as emendas de
relator para compor o mínimo de gastos com a Saúde afeta a transparência e o controle
das despesas e gera o risco de perda de qualidade na execução dos gastos com
Saúde. “A aplicação do mínimo constitucional da Saúde precisa obedecer, pela
Constituição, uma série de quesitos, como perfil epidemiológico, socioeconômico
e populacional de estados e municípios e as emendas de relator, segue
interesses políticos e eleitoreiros”, lamenta.
A redução do
orçamento vai ainda dificultar o atendimento de demandas represadas pela
pandemia, como exames e cirurgias eletivas, e agravar problemas crônicos do
sistema público, que sofre com longas filas, carência de profissionais e falta
de leitos.