HOSPITAIS PARADOS
A Campanha ‘Chega de Silêncio’, promovida
por hospitais filantrópicos, em 18 estados do país, no dia 19, foi mais que um
protesto, foi um pedido de socorro às cerca de 1,8 mil entidades que prestam
serviços de saúde pública pelo SUS e estão à beira da falência. Para chamar
atenção para a grave crise financeira, centenas de hospitais paralisaram ou
reduziram seus atendimentos, naquela data, e, em outros, os profissionais
usaram roupas pretas.
Desde o início do Plano Real, em 1994,
a Tabela SUS e seus incentivos foi reajustada, em média, em 93,7%, enquanto o
Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC) subiu 636%. Esse desequilíbrio,
segundo representantes das entidades, significa prejuízos de R$ 10,9 bilhões,
ao ano.
É nessa Tabela que constam os valores
que o SUS repassa aos hospitais filantrópicos. Para uma consulta, por exemplo,
o governo paga R$ 10,00; para um parto, o valor é de R$ 480,00, valores que
cobrem menos de 60% do custo real desses procedimentos. Durante a paralização
do dia 19, as entidades pediram a alocação imediata de R$ 17,2 bilhões para o
pagamento dos serviços prestados pelas filantrópicas, que são a maior rede
hospitalar do SUS.
Segundo dados
do Ministério da Saúde, existem 1.642 hospitais filantrópicos que atendem a
população por meio do SUS em todo os estados. Em quase mil municípios, a
assistência médico-hospitalar acontece unicamente por essas instituições. Os
hospitais já representam 41% das internações hospitalares do SUS e 37,6% de
todos os leitos disponíveis no País, além de executarem o maior número de
cirurgias de alta complexidade, como procedimentos oncológicos, neurológicos e
transplantes. Durante a pandemia, as entidades filantrópicas sem fins
lucrativos representam uma enorme força de trabalho, com praticamente metade de
todos os procedimentos, atendimentos e internações destinados à rede pública de
saúde.