DEZEMBRO LARANJA
Seu Luiz, 64 anos, foi motorista de ônibus por quatro décadas. Passava horas no trânsito com o lado esquerdo do rosto exposto ao sol, pela janela do veículo. Nunca usou protetor solar. Aos 60 anos, percebeu uma ferida que não cicatrizava naquela mesma lateral do rosto que passou tantos anos exposta ao sol. A princípio, achou que não era nada. Mas, depois de muita insistência da filha, procurou atendimento médico. O diagnóstico veio com surpresa e preocupação: câncer de pele.
Assim como ele, mais de 176
mil pessoas recebem, todos os anos, o diagnóstico de câncer de pele no Brasil,
incluindo o melanoma, tipo mais agressivo da doença.
Neste mês, acontece o Dezembro
Laranja, que reforça a importância da prevenção e da
conscientização. De acordo com o Registro Hospitalar de Câncer (RHC)
do Hospital Amaral Carvalho, de Jaú-SP, mais de 7 mil casos
são tratados anualmente só na Instituição. Embora seja o câncer mais frequente
no país — representando cerca de 30% de todos os tumores malignos
—, as chances de cura ultrapassam 90% quando identificado no início.
A dermatologista Ana
Gabriela Salvio, coordenadora do Programa de Prevenção do
Melanoma do HAC, lembra que a exposição solar é o principal fator de risco. “O
efeito do sol é cumulativo. A maior incidência ocorre em pessoas acima dos 50
anos, que passaram a vida expostas sem proteção adequada”,
explica.
Com a chegada do verão e o aumento das
atividades ao ar livre, o alerta se intensifica. Entre 10h e 16h, quando os
raios UV são mais fortes, os cuidados devem ser redobrados. “Protetor
solar corporal e facial reaplicado a cada três horas, chapéus, óculos escuros e
roupas com proteção UV são medidas essenciais”, reforça a
médica.
O risco também está presente em práticas
artificiais de bronzeamento. As câmaras de bronzeamento, proibidas pela Anvisa
desde 2009, são classificadas como cancerígenas e aumentam em 75%
o risco de melanoma, especialmente quando utilizadas antes dos
35 anos.
O melanoma, embora menos frequente que
outros tipos de câncer de pele, é o mais agressivo. Dados da Agência
Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC) estimam que as mortes pela doença
devem aumentar 80% até 2040, caso medidas preventivas não
sejam intensificadas.
Para facilitar a identificação de sinais
suspeitos, especialistas recomendam seguir o ABCDE do melanoma:
·
Assimetria
·
Bordas irregulares
·
Cores variadas
·
Diâmetro maior que 6 mm
·
Evolução da pinta ou lesão
Se perceber essas alterações, um médico
deve ser procurado. Há mais de 15 anos, o Programa de
Prevenção do Melanoma do Hospital Amaral Carvalho trabalha para
orientar a população e facilitar o diagnóstico precoce, reforçando que proteger
a pele é um gesto simples que salva vidas, como as do Seu Luiz, que fez o
tratamento e eliminou o tumor.