DEVE SER PRIORIDADE
As doenças cardiovasculares são a principal causa de óbitos no Brasil. No entanto, a enfermidade que os brasileiros mais temem é o câncer. Uma pesquisa realizada, em maio, pelo Datafolha, encomendada pelo Instituto Oncoguia, apurou que 63% dos entrevistados dizem que o câncer deve ser a doença tratada como maior prioridade pelo governo. Os males do coração vêm em segundo lugar, com apenas 8% das citações.
O levantamento também apurou que a cada 100 brasileiros com mais de 16 anos, 83 conhecem ou conheceram alguém que tem ou teve câncer. E de cada 10 pessoas, quatro já conviveram com o câncer em casa ou na família.
No estudo, intitulado “Percepções da População Brasileira sobre o Câncer”, 42% das pessoas ouvidas responderam que a palavra “câncer” desperta sentimentos negativos, associando-a às palavras "morte", "dor", "medo", "tristeza" e "sofrimento". Menções a "tratamento" e "cura" foram feitas por menos de 15% dos entrevistados.
O levantamento deixa em evidência que a população é impactada negativamente pela doença, mas que compreende a sua relevância e quer que os governos deem prioridade à políticas públicas de prevenção e cuidados.
Para a presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz, a percepção negativa do câncer pode impedir que as pessoas busquem cuidado e atendimento diante de sintomas. “Os dados mostram o quanto ainda é necessário conscientizar a população sobre prevenção, diagnóstico precoce e avanços da medicina nos tratamentos. Ter câncer não é igual a morrer e isso dependerá de acesso à informação, mas também de acesso a cuidados com a saúde”.
O Instituto Oncoguia mapeou projetos sobre câncer que tramitam no Congresso Nacional. Dos 238 encontrados, 86 tratam sobre prevenção e diagnóstico; 46 sobre direitos dos pacientes; 44 dispõe sobre câncer no âmbito do SUS; 20 sobre políticas de saúde; e cinco sobre a doença no âmbito da saúde suplementar (planos de saúde).
O levantamento também mostrou que, quando são observadas as subcategorias dentro dessas proposições, há mais projetos que criam datas comemorativas, como dia nacional de conscientização de um determinado tipo de câncer, do que os que tratam de temas importantes como rastreamento da doença e transparência no SUS.
A maior parte dos projetos de lei trata sobre os tipos de câncer mais prevalentes na população, sendo os cânceres menos comuns foco de menos projetos. Para Luciana, ainda, é importante chamar a atenção para alguns tipos de câncer bastante prevalentes, como colorretal, pulmão e estômago, que estão entre os cinco mais incidentes no Brasil.