DEFESA DOS BENEFICIÁRIOS DO BPC
A Deputada
Federal Professora Luciene Cavalcante (PSOL-SP) reafirmou seu compromisso em
defesa das pessoas com deficiência e famílias que dependem do Benefício de
Prestação Continuada (BPC). Na última semana, a parlamentar se posicionou
contra o Projeto de Lei 4614/2024, que integra o Pacote de Ajuste Fiscal e
tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados. Segundo Luciene, o PL
ataca diretamente os direitos das pessoas com deficiência, colocando em risco a
sobrevivência de quem depende desse auxílio para viver com dignidade.
“Eu votei
contra a urgência desse projeto porque entendo que ele precisa ser refeito,
modificado e discutido com a sociedade civil, com todos os movimentos sociais.
E estou trabalhando para que esse projeto não seja aprovado da forma como está,
para que ele respeite as pessoas com deficiência, que têm o BPC como única
fonte de renda para sobreviver. Que a gente possa ter políticas públicas
econômicas inclusivas, que não coloquem nas costas das pessoas que sempre foram
as mais prejudicadas, mais uma vez a conta para pagar. Então a gente não vai
aceitar que o ajuste fiscal pese sobre as pessoas com deficiência”, afirmou a
deputada.
Impactos
do PL 4614/2024 nas conquistas históricas dos direitos das pessoas com
deficiência
O Projeto de
Lei 4614/2024 apresenta dispositivos que preocupam organizações e especialistas
em direitos sociais, como a Associação Nacional de Apoio às Pessoas com
Deficiência (ANAPcD). Em nota técnica, a entidade destacou que “não é
democrático e nem legítimo que algo tão importante para a sociedade seja
decidido de forma urgente, sem sequer existir o mínimo de debate com a
sociedade.”
Entre os
pontos mais críticos do projeto estão:
1.
Atualização cadastral periódica e suspensão
de benefícios (Art. 2º e Art. 21-B):
Essas exigências desconsideram as barreiras enfrentadas por pessoas com
deficiência para acessar serviços públicos. A interrupção do BPC por falta de
atualização compromete o direito à previdência social, conforme o Pacto
Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
2.
Restrição da definição de deficiência (Art.
20, §2º):
Ao limitar o conceito de deficiência à incapacidade para vida independente e
trabalho, o PL ignora o modelo social de deficiência previsto na Lei Brasileira
de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e na Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012).
3.
Revogação do §14 do Art. 20 da Lei nº
8.742/1993:
A retirada de dispositivos que desconsideram rendas de benefícios
previdenciários prejudica famílias em situação de vulnerabilidade, violando o
princípio da dignidade humana.
4.
Limitação de beneficiários unipessoais no
Bolsa Família (Art. 12-A):
Muitas pessoas com deficiência que vivem sozinhas podem perder o acesso a
benefícios, agravando sua situação de vulnerabilidade.
5.
Exigência de CID para reconhecimento de
deficiência (Art. 40-B, §3º):
Essa medida ignora a complexidade do espectro de deficiências e contraria a Lei
Berenice Piana, que reconhece barreiras sociais como parte do diagnóstico de
Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Alternativa
legislativa para proteger o BPC
Como parte de
sua atuação em defesa das pessoas com deficiência, Luciene Cavalcante é
coautora do PL 3620/2024, que propõe critérios mais justos para a suspensão do
BPC. A proposta determina que a atualização cadastral só poderá resultar na
suspensão do benefício após comprovadas tentativas de busca ativa e notificação
ao beneficiário, assegurando que ninguém perca seu auxílio injustamente.
Benefício
essencial para a dignidade e economia
O BPC,
garantido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), oferece um salário-mínimo
mensal a idosos a partir de 65 anos e a pessoas com deficiência de qualquer
idade em situação de vulnerabilidade.
Foto: Vinicius
Loures/Câmara dos Deputados