ABUSO VIRTUAL
A Deputada Renata Abreu (Podemos-SP) apresentou um
Projeto de Lei 1891/2023, para incluir o estupro virtual no Código Penal
brasileiro. A proposta altera o artigo 213, que estipula a pena para quem constranger
mulher a conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça; e o 217-A, que
estipula pena para quem tiver conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
com menor de 14 anos.
O projeto da deputada acrescenta
em ambos os artigos que as penas previstas são aplicadas mesmo que o crime seja
praticado à distância, inclusive pelos meios digitais, como sites da rede
mundial de computadores e aplicações de internet. “Pretendemos dar segurança
jurídica para as vítimas e para o Poder Judiciário na hora de decidir, ao
tipificar o crime de estupro virtual, não deixando as decisões à mercê apenas
do entendimento de doutrinas ou jurisprudências”, explica a Deputada em sua
justificação.
Nesta segunda-feira, 26, a
Polícia Civil de São Paulo prendeu um rapaz de 19 anos, membro de uma rede de
jovens suspeitos de ameaçar e estuprar pelo menos duas meninas menores de 18
anos. As vítimas foram abordadas inicialmente no Discord, um aplicativo
amplamente utilizado por adolescentes para discutir jogos online. O grupo
exigia fotos íntimas das garotas e, posteriormente, as chantageava,
obrigando-as a realizar tarefas sádicas sob ameaça de divulgar as imagens nas
redes sociais. As vítimas têm 13 e 16 anos.
As estatísticas evidenciam a
preocupação com o aumento desse tipo de crime. Levantamento realizado pelo
Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto Datafolha
revelou que os casos de perseguição e ofensas online contra mulheres aumentaram
significativamente nos últimos anos. Em 2017, 1,2% das 1.051 mulheres
entrevistadas relataram ter sofrido tais violências. Já em 2023, o número subiu
para 8,2% das 1.092 mulheres consultadas.
O Projeto de Lei representa um
passo importante no sentido de proteger a integridade e a dignidade das
vítimas, bem como fortalecer a segurança jurídica no enfrentamento desses
crimes cometidos por meios digitais. A proposta está aguardando parecer do relator
na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados.