A SEGUNDA PANDEMIA
O mundo vive um surto de outro mal, tão ou mais devastador: as doenças mentais.
Se, por um lado o isolamento social (tão defendido no auge da contaminação) ajudou a preservar vidas, por outro, trouxe consequências difíceis de serem superadas para muita gente: desemprego, pobreza, fome abuso de álcool e drogas, violência doméstica, medo, desesperança...
Só os casos de depressão, no Brasil, passaram de 9,6%, em 2017, para 13,5%, neste ano, segundo pesquisa da Vital Strategies em parceria com a Universidade Federal de Pelotas. Isso equivale a 28,6 milhões de pessoas. Já, o número de brasileiros com ansiedade é de 11 milhões. E os suicídios chegaram aos 14 mil por ano.
Para se fazer um comparativo, o câncer que é a segunda doença que mais mata, atinge 1,5 milhão de pessoas, no Brasil.
Em São Paulo, um projeto de lei dos Deputados Estaduais Murilo Félix (Podemos) e Patrícia Bezerra (PSDB-SP) deu origem à Lei que criou o Programa Saúde Emocional a Vítimas da Covid 19, que prioriza o atendimento dessas pessoas, na rede pública de saúde. "Além do atendimento às pessoas que tiveram sequelas físicas ou psíquicas desencadeadas pelo vírus, a lei também preconiza o atendimento para as pessoas que estão enlutadas, mas não apenas pela perda de entes queridos, mas também para as que perderam emprego, qualidade de vida, perspectiva, por exemplo", explica a deputada co-autora da Lei.
Em âmbito nacional, o Ministério da Saúde lançou, em junho, o Programa Linha Vida, que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, pelo número 196. O serviço acolhe e direciona pessoas em sofrimento emocional, buscando a prevenção do suicídio e da automutilação.
E o Projeto Teleconsulta (telepsiquiatria e teleterapia) para apoiar as pessoas que estão lidando com os impactos na saúde mental causados pela pandemia da Covid-19. Feito em parceria com a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), são disponibilizados, mensalmente, de forma online, 12 mil teleconsultas de psicólogos e seis mil teleconsultas de psiquiatras. Os serviços são agendados pelas equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBS).
