EM DEFESA DA CANNABIS
Pessoas com doenças
como epilepsia, esclerose múltipla e mal de Parkinson, que poderiam ter os
sintomas amenizados com o uso de Cannabis
medicinal, ainda precisam desembolsar um bom dinheiro para ter acesso a medicamentos
com esse composto. Um frasco com 30 ml custa em torno de R$ 2,5 mil e só pode
ser adquirido com receita controlada.
Por ser uma substância encontrada na maconha, o uso da Cannabis, mesmo para uso
medicinal, enfrenta muita resistência no Brasil. Para avançar com as leis sobre
o tema, em São Paulo, o deputado Sergio Victor (Novo) lançou, nesta semana, na Assembleia
Legislativa, a primeira Frente Parlamentar de Defesa da Cannabis
Medicinal e do Cânhamo Industrial.
O colegiado tem o apoio de 21 deputados de partidos diferentes.
Entre as proposições que os parlamentares querem aprovar está o PL 1.180/2019,
do deputado Caio França (PSB). O projeto regula a distribuição gratuita dos
medicamentos de Cannabis pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além
disso, a Frente Parlamentar pretende realizar oito audiências públicas, que
começam ainda este ano.
O tema é polêmico, porque o uso medicinal, muitas vezes, é confundido
com o uso recreativo da maconha. Por esse motivo, os deputados deixaram
claro que a Frente se dedica exclusivamente ao debate sobre o uso medicinal da Cannabis e do uso industrial
do cânhamo, planta com pouquíssimo THC, que é a substância psicoativa
da maconha. As fibras das folhas são usadas na produção de tecido e de tijolos,
por exemplo.
Já na esfera federal, pelo menos quatro projetos de
regulamentação do plantio e manipulação da Cannabis
para fins medicinais, tramitam no Senado. Mas, a proposta mais polêmica, o Projeto
de Lei 399/2015, do deputado Fábio Mitidiéri (PSD-SE), está na Câmara. Trata-se
de uma proposta bastante ampla de regulamentação, que vai do cultivo, tanto
para extração de CBD como de THC e outros canabinoides, à fabricação e
comercialização de produtos, com uma série de exigências para garantir
qualidade, eficácia e segurança aos processos e aos resultados. O PL também
autoriza a pesquisa científica da Cannabis
de um modo geral e regulamenta o plantio de cânhamo (sem THC) para uso
industrial, mas não toca na questão do chamado uso recreativo ou adulto da
maconha.