COVID E OBESIDADE
O
número de obesos cresceu na pandemia. Em 2019, 41,2 milhões de brasileiros
acima de 18 anos estavam obesos. No final de 2021, esse número chegou a 46,7
milhões, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Assim como a Covid, a obesidade
também é considerada uma pandemia global, atingindo 671 milhões de pessoas. Seu
impacto no desenvolvimento de comorbidades e, subsequentemente, seu efeito na
expectativa de vida, é tão devastador quanto qualquer pandemia infecciosa.
Porém, infecções têm um efeito muito mais rápido, enquanto os efeitos da
obesidade são menos agudos.
O excesso de sobrepeso é ainda
uma das condições de risco ao desenvolvimento de casos graves da Covid-19. Segundo
especialistas, esse é um dos fatores que levaram os Estados Unidos, onde 42% da
população é obesa, a atingir patamares recordes de internações por coronavírus,
no início deste ano. De acordo com dados oficiais do país, 176 mil pessoas
estavam hospitalizadas com o vírus em 20 de janeiro de 2022, superando um
recorde anterior estabelecido em janeiro de 2021, que foi de 128 mil.
Os outros motivos apontados pelos
especialistas americanos são dificuldades de acesso a unidades de saúde, índice
de vacinação abaixo do esperado e equipes de saúde desfalcadas e exaustas. Fatores
que também estão presentes aqui no Brasil, onde foram registrados 200 mil novos
casos de Covid, nas últimas 24 horas, e um terço dos estados estão em situação
preocupante por causa da ocupação acelerada de leitos em Unidade de Terapia
Intensiva (UTI).
Quem é obeso ainda enfrenta outra
dificuldade quando precisa de serviços de saúde pública no Brasil. Na grande
maioria dos hospitais ou unidades de saúde não existem equipamentos,
instalações e leitos para internação que acomodem de forma confortável esse
tipo de paciente. Essas limitações afetam a adequada avaliação e prestação dos
cuidados demandados e pode comprometer o prognóstico da evolução do quadro
clínico, contribuindo para um tempo maior de internação.
Além de prejudicar ou colocar em
risco pacientes obesos, há um impacto também para os próprios serviços de saúde
e para outros pacientes que demandam internação, tendo em vista esse maior
período de ocupação de leitos hospitalares.
Na Câmara dos deputados, tramita o
Projeto de Lei 638/21, de autoria do deputado federal José Medeiros (PODE/MT), estabelecendo
que os serviços de saúde possuam as instalações, equipamentos, infraestrutura e
leitos adaptados para pacientes com o índice de massa corporal mais elevados,
em patamar igual ou acima de 30 kg/M2, de modo a garantir o bem-estar do
paciente e a facilidade de exame pelo profissional de saúde responsável pelo
atendimento. A proposta está sendo analisada pela Comissão de Seguridade Social
e Família.