FILAS NA ONCOLOGIA
Seis a cada dez mulheres diagnosticadas com câncer de mama
no Brasil esperam mais de dois meses para iniciar o tratamento, o que contraria
a Lei Federal 12.732/12, que garante o direito ao início do tratamento no
Sistema Único de Saúde (SUS) em até 60 dias após o diagnóstico. Para buscar
soluções para essa demora, a Deputada Estadual Solange Freitas (União-SP)
promoveu, no dia 17 de outubro, uma audiência pública na Assembleia Legislativa
de São Paulo. Realizada durante o Outubro Rosa, mês de conscientização sobre a
prevenção do câncer de mama, a audiência reuniu especialistas e representantes
do Poder Público para discutir o cenário das filas da oncologia no estado.
Apesar de avanços em algumas regiões, a espera prolongada
continua sendo um problema crítico, comprometendo as chances de diagnóstico
precoce e cura. A deputada Solange, que enfrentou e venceu um câncer de mama em
2021, destacou que recebe diariamente pedidos de ajuda para realização de
exames e tratamentos, o que indica falhas no sistema de saúde.
“Se eu estou recebendo esses pedidos, é porque o sistema
está falhando. Eu quero que as pessoas tenham a mesma chance que eu tive. Se
estiverem doentes, que descubram no estágio inicial”, enfatizou Solange,
reforçando a importância de garantir que a Lei dos 60 dias seja cumprida. A
parlamentar defendeu maior transparência nas filas e conscientização da
população e da classe médica, além da necessidade de fortalecer a rede de alta
complexidade oncológica e incluir novas terapias no SUS.
Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia, reiterou
que o atraso no início do tratamento vai contra o direito dos pacientes e
prejudica suas chances de cura. “Esse é o grande desafio: garantir que os
pacientes tenham acesso rápido a exames, biópsias e consultas com especialistas
para que o tratamento comece dentro do prazo”, afirmou.
Raquel Zaicaner, da Secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo, apontou que a parceria entre os governos federal, estadual e municipal,
além da integração com universidades e sociedade civil, é essencial para
melhorar o acesso ao tratamento. Ela também ressaltou a importância de
identificar as prioridades entre os pacientes, acelerando o atendimento para
aqueles com cânceres mais agressivos que requerem intervenção imediata.
A Deputada Solange Freitas planeja uma nova audiência
pública para continuar o debate e buscar soluções. "Nossa luta continua
para que a Lei dos 60 dias seja cumprida. Quem tem câncer tem pressa. O
tratamento é para ontem", concluiu a parlamentar, destacando que é preciso
avançar na ampliação da rede oncológica, na conscientização e no fortalecimento
das pesquisas sobre novas terapias.
O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres
brasileiras, e, de acordo com o INCA, cerca de 74 mil novos casos da doença são
esperados em 2024.
Foto: Rodrigo Costa/Alesp