
BAIXAS NA LINHA DE FRENTE

O avanço da vacinação contra a
Convid-19 encheu o mundo de esperança. As infecções, mortes e internações foram
reduzidas a patamares bem baixos, as medidas de isolamento social foram sendo
afrouxadas cada vez mais e parecia que tudo voltaria à normalidade. Até as
desconfortáveis, mas necessárias, máscaras achava-se que não seriam mais
necessárias. Então veio a variante Ômicron, que no grego significa o “mais
rápido” e colocou por terra todas as expectativas.
E essa “nova versão” do vírus,
que é pouco letal, mas altamente contagiosa, veio acompanhada de uma antiga
conhecida da população, a gripe (ou influenza), que, estação após estação,
ganha uma “roupagem nova” e agora se apresenta como H3N2. E não bastasse o mal
que cada um dos vírus causa, agora, as pessoas estão sendo contaminadas com os
dois vírus simultaneamente, a chamada Flurona.
E, assim, o mundo vive sob a
ameaça de outro isolamento social. Não pela gravidade ou letalidade dos vírus,
mas porque os sistemas de saúde voltaram a ficar sobrecarregados e os
profissionais da linha de frente estão se contaminando e sendo afastados.
Em São Paulo já há falta de
médicos, enfermeiros e auxiliares. As secretarias municipais de Saúde tentam
contratar novos profissionais para cobrir os afastamentos temporários, mas
também vêm enfrentando dificuldades. Na Capital, cerca de 1,6 mil profissionais
municipais estão afastados por Covid-19 ou síndrome gripal. Na rede estadual,
são mais cerca de 1,8 mil.
Nesses primeiros dias de janeiro,
a média de pessoas com sintomas de gripe que procuram as unidades de saúde é de
nove mil por dia, a maior parte, são casos suspeitos de Covid. A procura também
tem sido grande na rede particular. Uma pesquisa feita pelo sindicato do setor
mostra que mais de 90% dos hospitais no estado registraram alta nos
atendimentos nos últimos 15 dias, em mais da metade deles, o número de
pacientes atendidos mais que dobrou.
A falta de profissionais na rede
presencial fez disparar a procura pela telemedicina no aplicativo da secretaria
municipal de saúde da capital paulista. Em novembro, foram 1.333 atendimentos à
distância. Nos primeiros sete dias de janeiro, em média, foram 181 consultas
por dia.
E o quadro tende a piorar.
Especialistas calculam que nas próximas duas semanas a variante Ômicron possa
atingir um pico semelhante ao da França, Reino Unido ou Estados Unidos, que
registraram entre 180 mil e 300 mil casos de Covid em um único dia.
Em razão disso, a desativação de
leitos de internação de Covid que vinha sendo feita gradualmente em São Paulo
foi interrompida. Em julho do ano passado, o Estado tinha pouco mais de 13,6
mil leitos. Conforme a vacinação foi avançando, eles foram sendo destinados
para atendimento de pacientes com outras necessidades médicas e o total de
leitos Covid foi reduzido para as atuais cerca de 4,3 mil vagas. Esse número
deverá ser mantido enquanto a evolução da pandemia é monitorada.